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sexta-feira, 17 de junho de 2011

João Ferreira de Almeida - Quem foi?

 Como era de se esperar, muitas pessoas ao abrirem uma Bíblia, não fazem sequer idéia de quem seja João Ferreira de Almeida, ou tampouco tentam saber. Para alguns, aquele não passa de um simples nome. Outros chegam até a perguntar se o homem ainda é vivo... (!!!).
 Neste artigo, saberemos um pouco mais sobre esta figura, tida como principal responsável pela tradução da Bíblia Sagrada diretamente do grego e hebraico, para o Português.



Origens

 João Ferreira de Almeida (Torre de Tavares, Portugal, 1628 – Java, Indonésia, 1691), foi um importante membro português do protestantismo, responsável pela mais popular tradução da Bíblia sagrada, corrente em solo Brasileiro e Luso (Aqui atualmente editada e publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil e a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil). Ficou órfão logo que nasceu, sendo criado por seu tio, que lhe proporcionou uma educação aprimorada, com o explícito objetivo de fazê-lo ingressar no sacerdócio – coisa que de fato não aconteceu, por causa de um folheto protestante em espanhol, que ele teria lido durante uma viagem entre a Batávia e Malaca na Malásia. (Os motivos pelos quais se afastou de Portugal, até hoje não são conhecidos). Intitulado "Diferencias de la Cristandad", o folheto atacava de maneira aberta e agressiva, os dogmas e conceitos da Igreja Católica, em especial a comunicação desleal entre os sacerdotes e o povo, no que diz respeito à utilização de línguas incompreensíveis durante os ofícios religiosos. Sentindo-se inspirado e esclarecido pelo teor do documento, Almeida que à essa altura tinha 14 anos de idade, afastou-se do catolicismo, convertendo-se à Igreja Reformada Holandesa... Como ele tinha saído de Portugal para a Holanda e em seguida para a Ásia (mais precisamente a Batávia), seu contato com essa religião foi inevitável, já que a Batávia na época era o centro administrativo da Companhia Holandesa das índias Orientais. Já em 1642, Almeida iniciou seu primeiro trabalho de tradução das escrituras, do Castelhano para o Português.

 Trabalhos de tradução

 Tempos mais tarde, Almeida viu-se envolvido num trabalho difícil e demorado – a tradução do Novo Testamento para o Português, utilizando como referência, parte dos evangelhos e das cartas do Novo Testamento em espanhol, da tradução de Reina-Valera (1569). Almeida também teria utilizado como referências, as versões Latina de Beza, Francesa (Genebra, 1588) e a italiana (Diodatti, 1641) – Todas estas traduzidas diretamente do grego e do hebraico...
 Após um ano inteiro de trabalho, Almeida então com 16 anos de idade, finalizou a tradução enviando uma cópia do trabalho ao governador-geral Holandês, baseado na Batávia. Após passar pelas mãos da autoridade, a cópia cruzou o oceano nas mãos de um homem, que teria sido escolhido para ficar a cargo da sua publicação na Holanda (que acabou não acontecendo: O responsável faleceu, e a cópia foi perdida). Como se não bastasse, ao ser solicitado que enviasse outra cópia de seu trabalho, para a filial da Igreja Reformada na ilha de Ceilão (Atual Sri Lanka), Almeida descobriu que a tradução original havia sumido (furtada, talvez...) E por esse motivo, volta ao cansativo trabalho de tradução, a partir de uns poucos rascunhos de seu trabalho anterior. Graças a isso, após mais um ano, ele concluiu uma versão revista dos evangelhos, incluindo o livro de Atos dos Apóstolos. Em 1654, o Novo Testamento ficou pronto porém não pôde ser publicado, sendo infelizmente pouco reproduzido na forma de algumas cópias manuscritas.
 Já em 1676, Almeida enviou seu trabalho de tradução ao Consistório da Igreja Reformada na Batávia, para se iniciarem os trabalhos de revisão, que por sinal não foram fáceis, sob nenhum ângulo – graças às tensas relações entre Almeida e os revisores da tradução, em parte devido a diferenças de opinião sobre o significado de algumas espressões e também sobre a forma de linguagem utilizada. Por esse motivo, houve um atraso excruciante na obra de revisão, forçando Almeida a uma atitude extrema: Enviar uma cópia para a Holanda visando a sua publicação, sem que os revisores soubessem...
 Apesar da indignação crescente do Consistório em Java, a versão em português do Novo Testamento foi finalmente impressa em Amsterdã no ano de 1681, sendo que as cópias chegaram à Ásia no ano seguinte. Mas, os revisores conseguiram mexer seus pauzinhos, intrometendo-se e fazendo mudanças no trabalho de Almeida que imediatamente reagiu, solicitando por uma medida do governo holandês, e este concordou em destruir toda a primeira impressão. Prevendo isso, Almeida se antecipou, conseguindo salvar algumas cópias sob a condição de que, até nova publicação, as principais incongruências seriam todas corrigidas de forma rápida, nem que tivesse de ser manualmente.
 Ocorreu outra reunião entre os revisores em 1689, só que Almeida já bastante debilitado, deixou permanentemente o seu trabalho missionário, passando a focar apenas no trabalho de tradução. Morreu em 1691 justamente quando a tradução do Novo Testamento encontrava-se pronta até Ezequiel 48:12 e graças a rascunhos e referências anteriormente armazenados em arquivo pelo próprio Almeida, seu amigo Jacobus Op Den Akker, pôde se situar e assim finalizar o trabalho completamente, no ano de 1694, ganhando logo em seguida a tão esperada publicação – agora sem nenhuma desculpa.
 Um posterior trabalho de revisão alternativo em cima destes mesmos manuscritos (que por sinal, já tinham sido revisados exaustivamente por Almeida durante dez anos) ainda conseguiu detectar cerca de 1.119 falhas de tradução. Ainda existe uma tradução à parte do livro de Salmos, que foi anexada ao Livro de Oração Comum, dada na época como anônima, mas atribuída por estudiosos a Almeida, tendo como referência o estilo e organização de escrita, entre outras evidências.

Resumindo...


“O trabalho de João Ferreira de Almeida é para a língua portuguesa, o que a Bíblia de Lutero é para alemã, a King James Version para a inglesa e Reina-Valera é para a espanhola. No entanto, a única tradução moderna em Português, que utiliza os mesmos textos-base em grego e hebraico que foram utilizados por João Ferreira de Almeida, é a versão Almeida Corrigida Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. As demais traduções modernas, embora utilizem o nome “Almeida”, como a Almeida Revista e Atualizada e Almeida Revista e Corrigida, baseiam-se em maior ou menor grau nos manuscritos do chamado “Texto Crítico”, que passou a ser utilizado somente a partir do século XIX. Teófilo Braga, ao comentar sobre a versão original de Almeida, disse: - É esta tradução o maior e mais importante documento para se estudar a língua portuguesa do século XVIII -

Referências: Wikipedia
Biografia disponível no site da
Sociedade Bíblica do Brasil

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